Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez
José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán
são primos e estão casados há algum tempo quando decidem sair de Riohacha e
procurar novas paragens para viver. Acompanhados de alguns amigos, quando
chegam a um lugar distante e que lhes parece ideal, fundam o povoado de
Macondo. Seus filhos, José Arcádio e Aureliano ainda eram muito jovens na época
e Amaranta só viria ao mundo anos depois.
“Macondo era
então uma aldeia de vinte casas de pau a pique e telhados de sapé construídas
na beira de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras
polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos.”
José Arcádio Buendía é um homem
idealista e justo em sua maneira de resolver as demandas do povoado. Ao mesmo
tempo, é um incorrigível sonhador, além de muito curioso, o que fez com que se
aproximasse e desenvolvesse uma grande amizade com o cigano Melquíades. Todo
mês de março, os ciganos chegavam a Macondo com muitas novidades(novidades
apenas para os moradores daquele lugar, uma vez que no resto do mundo já eram
mais que conhecidas). Melquíades sempre trazia algo relacionado à ciência e
José Arcádio se deslumbrava gastando muito dinheiro com essas “maravilhas”.
Úrsula Iguarán, é uma mulher prática.
Com temperamento forte e os dois pés bem fincados no chão, é quem cuida da casa
e da família enquanto seu marido se perde nas artes da alquimia na oficina que
construiu em casa. Ela continuará cuidando de todos e comandando a casa até o
fim de sua vida.
O autor nos traz aqui o fantástico e o
cotidiano. Acontecimentos que vivenciamos no dia a dia em família e sociedade,
lidando com questões como política, economia, lazer, relacionamentos,
violência, trabalho, etc. Seria algo bastante comum e maçante se não fosse pelo
fantástico inserido em várias passagens, que nos tira da zona de conforto
chamando mais nossa atenção para refletir a respeito dos temas abordados.
Podemos voltar no tempo e analisar o
romance pelo que estava acontecendo na Colômbia e na América Latina de modo
geral até 1967(local e ano de publicação), colocando a situação do país na
época dentro da narrativa. Ou, como eu fiz, podemos utilizar a narrativa de
forma atemporal, encaixando-a no momento atual em que estamos vivendo, e é aí
que senti todo o peso da solidão que este livro traz. De uma forma ou de outra,
todos são muito solitários, devido à sua própria natureza. Focados no próprio
ponto de vista, não há espaço para mais nada.
Conseguimos sentir a solidão que permeia a vida dos personagens de uma
maneira quase palpável, seja ela imposta ou por opção. Até mesmo a própria
Macondo tem sua cota de solidão. Não se engane, a história do povoado não é
separada da dos Buendía, estão mais ligados do que pode parecer.
A implacável passagem do tempo traz
muitas coisas novas, faz com que as pessoas amadureçam, que o povoado se
modernize. Porém, por mais que sejam pessoas
e situações diferentes, o pensamento geral permanece o mesmo, nada muda.
Sair do simples, chegar ao topo para em seguida cair e começar tudo novamente.
O tempo não passa de forma linear, mas
se torna um círculo fechado e repetitivo ainda que passem gerações, tendendo a
permanecer dessa forma para sempre, se não fosse pelo desgaste bem lento que acaba
ocorrendo. Um eterno fazer para desfazer e fazer novamente até que o tempo
passe tanto que já não haja mais nada a ser feito a respeito.
“... a história da família era uma
engrenagem de repetições, uma roda giratória que teria continuado dando voltas
até a eternidade...”
Cem anos de solidão...
Um título um tanto sugestivo, que me
remetia a uma história lenta. Eis o motivo para eu ter adiado a leitura durante
muito tempo. Então, um dia decidi arriscar e dar uma chance. Foi quando
descobri que esse romance não era nada do que eu pensava.
Como a maioria dos leitores iniciantes
desta obra, a primeira parte para mim foi bastante confusa, até que eu me
familiarizasse com tantos personagens e principalmente com a constante
repetição de nomes e personalidades entre os descendentes homens. Os cortes de
um personagem para o outro são constantes e nem sempre a história se apresenta
de forma linear, trazendo vislumbres do passado e do futuro. Mas, depois de me
situar melhor, a leitura foi concluída em pouco tempo, já que a curiosidade
sobre o destino dos personagens não me deixava largar o livro por muito tempo.
Recomendo muito a leitura. Apesar do
tema e das reflexões o romance nos provoca, a leitura é fluida e até engraçada,
principalmente no que se refere a parte fantástica. Vale muito a pena conhecer
a família Buendía e seus cem anos de história. Uma história tão nossa de cada
dia.
“— E o que você esperava?
—suspirou Úrsula. — O tempo passa.
— Pois é – admitiu Aureliano —, mas não
tanto.”
Oi!
ResponderExcluirEu também tenho a mesma impressão do livro, que ele seja lento e tudo mais, por isso adiei por tanto tempo. Coloquei ele, esse ano, na minha lista e espero conseguir lê-lo. Adorei a tua resenha e isso me estimulou um pouco.
Abraços.
Olá, obrigada!
ExcluirPode ler tranquilo que o livro é muito legal! É uma história de família de gente como a gente, se tirar talvez alguns efeitos especiais. Rs
Abraços!!