Frankenstein - Mary Shelley


           Nossa história é contada através da troca de cartas entre o capitão Robert Walton e sua irmã.
          O capitão Walton está em uma expedição indo em direção ao norte do planeta, em uma região gelada e isolada. Um dia, ele e sua tripulação avistam ao longe um ser diferente andando em um trenó puxado por cães. Parece ser um homem, mas algo não está certo...
         Dias depois, eles resgatam do mar um homem em condições deploráveis que estava à deriva boiando em um bloco de gelo. Este homem atende pelo nome de Victor Frankenstein e, com o passar do tempo, ele e o capitão se tornam amigos. Um dia, Frankenstein decide contar sua história, e então descobrimos a identidade daquele ser estranho avistado pela tripulação andando de trenó e descobrimos qual sua relação com Victor.


       Mesmo para as gerações mais novas, é fácil associar o nome Frankenstein às adaptações para o cinema e às imagens que aparecem por toda a parte de um cientista louco, ávido por dar vida à sua criatura, um ser enorme, verde, feito de partes humanas. Ah, e não podemos nos esquecer de Igor.
       Porém, antes de começar a leitura do romance de Mary Shelley, esqueça esses estereótipos, a história original é muito diferente!
          Nosso protagonista não morre de amores por sua criatura e a mesma está longe de ser aquele ser “robótico” que obedece aos comandos de seu criador, sem consciência própria (também não é verde). O personagem Igor não existe na história. Os planos, sentimentos e as lamentações de Victor, o leitor acompanha através do fluxo de consciência do mesmo, já que ele não pode revelar a ninguém seu terrível segredo!

             O que torna alguém um monstro?
        Nascemos assim ou somos produto do meio? A criatura ao acordar, era um ser simples e ignorante. Precisou aprender a sobreviver sozinha e por muitos anos teve ao seu alcance um exemplo de convivência harmônica e amorosa; convivência essa que chegou a despertar uma certa inveja na criatura que nunca soube o que era receber carinho. Apesar do receio de não ser aceito por sua aparência medonha, um dia cria coragem e decide se aproximar das pessoas (em determinado momento chega a salvar uma vida), mas é agredido e rechaçado violentamente por ser diferente.

Era aquele, então, o pagamento pela minha bondade! Eu salvara da morte um ser humano e, como recompensa, agora contorcia-me de dor por causa aquela ferida que despedaçara a carne e o osso. Os sentimentos de afabilidade e mansidão que eu experimentara deram lugar a um ódio infernal, que me fazia ranger os dentes. Enfurecido pela dor, jurei eterna inimizade a todos os homens e jurei também que haveria de me vingar.”

           Acredito que todos, apesar das circunstâncias, tem uma escolha sobre como reagir a toda hostilidade e desprezo, mas...

Da mesma forma, jamais encontrei da parte de quem quer que fosse um mínimo de complacência. É justo isso? Devo ser tido como o único criminoso quando todo o gênero humano também errou contra mim?”

            Na mitologia grega, Prometeu foi o titã criador da humanidade. Ele rouba o fogo dos deuses para dá-lo aos homens e é severamente castigado por Zeus. O nosso Prometeu moderno também padeceu por sua ousadia castigos terríveis. Desde muito jovem, era fascinado pela ciência e, após anos de estudos, em sua busca por descobrir como a vida é gerada, decide fazer uma experiência. Começa a reunir várias partes de corpos humanos e com elas monta um ser parecido com a nossa estrutura e bem maior em proporções. Através de um procedimento (a autora não deixa muito claro qual é), essa criatura ganha vida e começa a se mexer. Quando Victor se dá conta do que fez, sai correndo apavorado e larga sua criação à própria sorte. Desde então as coisas saem do controle com consequências desastrosas.



            Publicado em 1818 no Reino Unido, Mary Shelley concebeu sua obra-prima quando tinha apenas dezenove anos. A ideia surgiu quando ela e seu futuro marido foram passar o verão à beira do Lago Léman. Como o clima no local estava anormalmente hostil, o casal e mais dois amigos Lord Byron e John Polidori, foram obrigados a ficar confinados no local onde estavam hospedados durante alguns dias. Para passar o tempo, se distraíam lendo histórias de fantasmas em livro encontrado no local. Inspirado nessas histórias, Lord Byron então propõe um desafio, que cada um escrevesse uma história de terror.
      Apesar das lamentações constantes de Victor e das incontáveis descrições de paisagens (é um romance gótico, então dá-lhe drama!), a história é muito interessante com um vasto campo de interpretações; muito melhor que suas adaptações para as telas. Em apenas duzentas e quarenta páginas, a autora consegue prender a atenção do leitor e fazê-lo refletir bastante. Recomendo muito a leitura, vale a pena conhecer esse clássico.



           Boas Leituras!!











Comentários

  1. Amo esse livro! Adorei a sua associação do mito de Prometeu com Vitor Frankenstein. Tem um filme ótimo na Netflix sobre a Mary Shelley. Adorei o seu post.

    Tatiana

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  2. Já assisti algumas adaptações cinematográfico , mais acho que a leitura é bem mais interessante , vou procurar hoje mesmo esse livro.

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  3. Bacana você trazer a história de Frankenstein, claro que no cinema romantizaram o personagem e ninguém se atenta a pesquisar ou ler o livro de fato e saber mais.

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  4. Ola tudo bem.
    Ja foi um tremendo sucesso este post e ainda trazendo na mente uma boa lembrança sobre o Frankenstein.

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    1. Olá, Obrigada!
      Adorei conhecer a história dessa dupla. Melhor do que eu esperava.
      Abraços!

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  5. já conhecia a historia através do filme, atrevi-me a ver o filme mas já não me atrevo a ver os livros.

    Corajosa...

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    1. Olá! O livro é muito tranquilo, crie coragem e se aventure sim.
      Abraços!

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  6. Eu ainda não tive a oportunidade de ler a obra mas quero muito, depois que assisti ao filme da vida da autora fiquei encantada e curiosa para conhecer este clássico.

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  7. Muito bom o texto. Eu sempre fiquei curiosa pela história do livro. Ainda não tive a oportunidade de ler. A história eu conheci através de amigos, e também porque acompanhei filmes, inclusive da história da Mary Shelley. Adorei a associação e a forma como explorou a história. Abraços!

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  8. Tenho vontade de ler o livro. Adorei a forma como conduziu a narrativa.

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  9. Não sou muito fã desse estilo e tal.
    Mas parece ser uma boa história no geral.
    https://blogdajenny2014.blogspot.com/

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  10. Gostei muito da obra, inclusive postei uma resenha no meu blog hoje sobre ele. A primeira resenha com avaliação máxima do meu blog. Eu amo clássicos e esse livro em especial me deixou muito satisfeito com a leitura. Gostei muito, muito!
    Abraços!

    Victor Wallace
    https://wallsbooks.blogspot.com/

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