Orgulho e Preconceito - Jane Austen

 

É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de esposa.

Por pouco que os sentimentos ou as opiniões de tal homem sejam conhecidos, ao se fixar numa nova localidade, essa verdade se encontra de tal modo impressa nos espíritos das famílias vizinhas, que o rapaz é desde logo considerado a propriedade legítima de uma das suas filhas.”


    Na cidade de Maryton, em Hertfordshire mora a família Bennet: pai, mãe e cinco filhas já adultas. A família não é rica, mas conseguem viver relativamente bem. Um dia, um tal Sr. Bingley aluga uma propriedade próxima e se muda para lá, acompanhado por suas irmãs, o cunhado e um amigo muito próximo, o Sr. Darcy, aparece posteriormente para passar uma temporada.

    O Sr. Bingley é um homem jovem, bonito e o mais importante: rico! Diante de tantas qualidades, a Sra. Bennet faz todo o possível para travar relações com ele com o intuito de casá-lo com uma de suas filhas. De fato, ele se interessa muito por uma delas, Jane, a mais velha das irmãs. Porém, a protagonista da história é Elizabeth, a segunda filha mais velha dos Bennet. Dona de uma personalidade forte, possui opinião própria buscando mais a racionalidade que o sentimentalismo. Para um romance ambientado e publicado no final do século XVIII, esse tipo de heroína era uma tanto incomum. E sabe aquele amigo do Sr. Bingley, Sr. Darcy? Elizabeth e ele terão um relacionamento bastante conturbado no decorrer da história, cheio de encontros e desencontros. O Sr. Darcy também é dono de uma forte personalidade, mas ao contrário de Elizabeth, é uma pessoa introspectiva, séria, e perfeitamente moldado aos costumes e pensamentos das altas classes da sociedade.


    O trecho que abre o romance(e também inicia esta resenha), dá ao leitor uma amostra do que encontrará na obra. A sociedade inglesa da época era baseada em costumes frívolos supervalorizados e divisões de classes bem definidas. Portanto, a maioria dos casamentos eram arranjados por interesse financeiro. Apesar da premissa do livro nos remeter ao romance romântico, em uma leitura atenta, você notará outros elementos sendo discutidos e mostrados claramente de maneira caricata, com situações beirando ao ridículo do exagero, para expor e criticar uma sociedade hipócrita, orgulhosa, vaidosa e preconceituosa. Os personagens não são trabalhados muito a fundo, mas alguns deles conseguem cativar. As tiradas do Sr. Bennet são de um humor ácido adorável.

    Este romance, então com o título de First Impressions, foi recusado pelos editores na primeira vez em que foi apresentado, antes de 1811, ano de lançamento de Razão e Sensibilidade(considerado seu primeiro romance publicado). Mas para a nossa sorte, Jane Austen não desistiu de seu primeiro projeto e continuou trabalhando nos originais até que em 1813 ele foi publicado com o título de Orgulho e Preconceito, consagrando a autora como uma excelente escritora e perspicaz observadora e crítica da sociedade em que estava inserida.


A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, a vaidade com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós.”


    Recomendo muito a vocês mais este clássico da literatura. Curtam os clichês, deem risadas, façam paralelos e aproveitem os passeios pela Inglaterra do século XVIII.



Boas leituras!!




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