Relatos de uma Inexistência - Felipe Melo

 

    Estamos no planeta Terra neste momento vivendo nossas vidas cada qual à sua maneira. Vidas pacatas, agitadas, pequenos fragmentos cada qual em seu instante numa gama infinitamente variável de papéis e situações. Em algum momento a pessoa pode parar para pensar sobre a própria existência, no quanto ela dura no somatório do tempo contínuo e se dar conta de que na verdade não dura. Que nossa passagem é tão curta quanto o tempo que leva para que seja esquecida, engolfada por todas as demais que estão aqui e que virão. Pensando dessa maneira é possível considerar que você existe?

    Sabe, às vezes a vida nos cobra que tenhamos coragem de sair para vivê-la e no caminho vamos encontrar de um tudo. A sociedade lhe permite o ingressar em seu território, mas infelizmente não se dá muito bem com autenticidade então… pague o seu preço ou se isole. Não detemos o controle de tudo o que nos acontece e por mais que existam infinitas possibilidades talvez o melhor seja se conformar entrando em uma aceitação passiva? Qual sua definição de prazer, o que te faz gozar?

    A convivência entre seres humanos por vezes pode ser complicada, ainda caímos na armadilha do nós contra eles apenas para descobrir que essa divisão não existe; brigamos com espelhos. Podemos mudar tanto ao longo do caminho que ninguém, nem nós mesmos nos reconhecemos às vezes, e na disputa entre autenticidade e convenção, não havendo um consenso entre as partes, a pessoa pode se anular e “desaparecer”.

    Quando decidimos tomar o caminho da vida, vamos sozinhos e sem uma ideia real do que acontecerá, podemos apenas torcer. Então tente não criar muita expectativa, apenas inexista conforme melhor lhe aprouver de forma positiva pois tudo termina em um piscar de olhos.

    Recomendo a vocês a leitura deste que é o segundo livro de Felipe Melo que estampa em suas páginas recortes de existências, ou melhor inexistências com a intenção de provocar reflexões no leitor, começando pelo título. Mais uma vez o autor traz o fantástico e o surreal em sua escrita, contos que a princípio chocam e confundem pela maneira diferente de mostrar as coisas, como o ponto de vista de um feto ou um anjo da guarda revoltado por exemplo. Tudo isso para dizer que seres humanos são complexos em si mesmos e em suas relações, e que nem sempre fazem sentido. Então apertem os cintos e aproveitem a viagem.


    Boas leituras!!




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