A Ilha do Dr. Moreau - H. G. Wells

         Após o falecimento de seu tio, Charles Prendick encontra em meio aos pertences do falecido um relato escrito pelo mesmo sobre o que teria ocorrido após o naufrágio da embarcação Lady Vain em 1º de fevereiro de 1887.

         Edward Prendick, o tio de Charles, ficou à deriva por vários dias, até ser resgatado em uma escuna(Ipecacuanha), por Montgomery. Essa escuna se dirigia a uma pequena ilha no meio do oceano carregada de animais variados. Ao chegarem, Prendick é obrigado a desembarcar também devido a um problema com o capitão, e assim toma conhecimento das peculiaridades existentes na ilha. A princípio ele estranha os habitantes do local, mas é quando conhece o Dr. Moreau e suas pesquisas científicas, que tem a real dimensão de todo o terror que existe ali.

 

         Proponho uma experiência.

         Imagine que você leitor, é um cientista que realiza experiências com animais, está tentando criar seres humanos a partir deles. Como seus métodos não são nada ortodoxos, é preciso buscar um novo lugar para realizá-las. Você parte então para um local isolado, uma ilha pequena e remota no meio do oceano. Após obter o controle dos nativos e se estabelecer, reinicia as experiências com os mesmos, e quando não é o suficiente, a solução é trazer mais animais de fora.

         Tudo corre bem. Seus humanóides estão longe da perfeição, mas já é possível fazê-los agir como humanos. Domesticá-los e doutriná-los. Então vamos pensar num método para conseguir isso de uma maneira mais eficaz. Que tal estabelecer uma Lei que todos devam seguir, ditando normas de comportamento? Para facilitar a assimilação, podemos colocar uma melodia nela e fazê-los repetir e repetir até decorarem, como numa espécie de ritual, algo quase hipnótico. Em caso de transgressão, a punição será severa e o mais dolorida possível. Ligue isso à sua imagem, o ser capaz de fiscalizar o cumprimento da Lei e infligir a punição devida, e pronto! Todos sob controle!

         Mas existe um porém. O instinto natural de cada um continua lá. Ele foi apenas reprimido quando você os moldou à imagem que acreditou ser a correta. Então esse instinto vai lutar a todo o momento para sair. Por isso fica a questão, qual prevalecerá? Todo o trabalho que você teve, ou a natureza do ser?

         A experiência pode ficar um pouco mais clara, se você agora sair do personagem e olhar de um ângulo mais amplo. Que tal nós? Mas somos humanos "originais de fábrica", vão dizer. Não regredimos, não podemos nos tornar animais, e todos os dias repetimos e seguimos a Lei! Então...

 

         Este é mais um clássico do século XIX(lançado em 1896), onde muitas questões podem ser exploradas a cada virada de página. Todas pertinentes à época em que se deu seu lançamento, e igualmente pertinentes aos dias atuais. Foi um grande sucesso em sua época e levantou muitas polêmicas também. A princípio um romance de ficção científica despretensioso, sem personagens profundos, ou tramas muito elaboradas, precisamos olhar de novo com mais atenção para ver.

         Herbert George Wells, ou apenas H. G. Wells tem uma escrita enxuta e dinâmica, o que deixa tudo mais interessante e dita um ritmo de leitura mais acelerado, além de o livro ser bem curto. Talvez vocês o conheçam pelos livros A Guerra dos Mundos e O Homem Invisível. Este meu primeiro contato com o autor foi muito agradável, por isso pretendo me aventurar novamente pelo seu universo.

         Apesar de o Doutor Moreau não ser muito afeito a visitas, acredito que ele os deixe visitar sua ilha, Montgomery pode lhes mostrar tudo. Só cuidado ao andarem por lá. Não é seguro se aventurar sozinho, principalmente à noite.

 

         Boas leituras!!